Os
professores de geografia de São José dos Pinhais e Campo Largo por um abaixo
assinados desejam tornar pública a sua insatisfação perante ao descaso
com a educação em geografia no Estado do Paraná.
Queremos
informar que a nova grade curricular nos moldes então apresentados, nos
causa grande preocupação com a educação paranaense.
A
geografia na sala de aula permite conhecer o mundo, obter informações,
estudar, analisar e tentar explicar o espaço produzido pelo homem,
permite buscar as causas de origem, permitir que o educando sinta-se
participante da sociedade em que vive e perceber-se como um ser
histórico que cria e transforma o espaço.
A
geografia constrói a percepção da cidadania onde o espaço é construído
por todos os homens e, onde a sociedade é responsável por este espaço,
permite compreender espaços e estruturas mais distantes, aquelas
obscurecidas pelo capital dominante.
Segundo Gramsci, apud Mochcovitch
(1990, p. 15), ”as representações do mundo que o senso comum permite,
são sempre ocasionais e desagregadas, são formas de um conformismo
imposto pelo ambiente exterior (pela ideologia dominante) e por outros
grupos sociais”.
Nós
profissionais da educação de geografia não concordamos com o
retrocesso. A razão do processo educacional é o estudante e não
interesses políticos econômicos momentâneos.
Nós
professores de geografia, temos a oportunidade de transformar as
percepções desordenadas, baseadas em uma dinâmica funcional, em
conteúdos significativos para o desenvolvimento da inteligência.
Segundo
Castrogiovanni (2003), a geografia é um instrumento útil para ler e
entender o mundo, para exercitar a cidadania e para formar o cidadão.
Uma de suas finalidades é auxiliar o aluno a entender-se como sujeito
social, construir sua identidade através da promoção de valores que se
concretizam em atitudes de participação e cooperação social. Para isso o
é necessário que conceitos e o desenvolvimento do pensar mais
complexos, como conhecer compreender, comparar, analisar e transformar o
espaço geográfico tenha sustentação teórica apreendida nas cadeiras
escolares. Dessa forma, a ciência Geográfica não pode perder espaço, mas
sim fortalecer ainda mais seu valor e sua importância.
Não
somos contra o aumento de aulas para as disciplinas de português e
matemática, mas somos completamente contrários a redução na carga
horária de geografia e de outras tão importantes quanto às beneficiadas.
A
geografia tem umas das funções mais importantes, a de formar cidadãos
críticos e reflexivos, pessoas atuantes e politizadas, formar alunos
autônomos, capazes de construir novos conhecimentos através das
atividades cientificas desenvolvidas na educação básica.
Vivemos
um mundo que vem superando fronteiras, seja de ordem ideológica,
técnica ou econômica. Porém, há um aspecto fundamental neste processo
que é o papel estratégico desempenhado pela informação. Uma das matérias
imprescindíveis nesse processo é a Geografia, ela revela o mundo, leva
ao cidadão a compreensão do lugar onde ele vive, é a expressão de
poder, é a representação do saber de caráter estratégico que permite ao
cidadão mudar o seu meio.
Atualmente
a sociedade exige da escola uma educação de qualidade, cabe-nos a
função de conduzir o processo. Para a geografia fica o papel de conduzir
a compreensão e representação entre a sociedade e a natureza na
organização e transformação do espaço geográfico, as desigualdades e as
contradições bem como as relações entre o espaço local e outras escala
espaciais, a formação de uma consciência crítica, responsável e
transformadora dos diferentes aspectos políticos, sociais, econômicos,
culturais, ambientais,do espaço em que vive, permitindo ao aluno
perceber-se como pertencente e participante desta realidade, construindo
sua identidade e entendendo seu papel histórico-cultural.
Nós
profissionais da geografia, não concordamos que o processo de
construção de uma educação crítica voltada para a cidadania plena, seja
banalizada com roupantes de alterações na carga horária da grade
curricular, principalmente sem discussão com o coletivo, mesmo porque o
número de aulas destinadas para geografia, que já temos é insuficiente
para um trabalho com tanta responsabilidade.